sábado, 30 de janeiro de 2016

Monociclo Elétrico, O Futuro do Transporte Individual



Há algum tempo venho acompanhando um novo dispositivo que surgiu na ásia há alguns anos e vem se popularizando ao redor do mundo devido a sua utilidade para fazer pequenos deslocamentos e por sua portabilidade.

O Monociclo Elétrico, este novo gadget com jeitão futurista, surgiu no intuito de se ser não mais do que um brinquedo, uma diversão para "crianças grandes" como eu. Porém o que era para ser apenas um passatempo de luxo, está se transformando em um meio de locomoção bastante útil. A pergunta que fica é: isso é apenas uma onda passageira? Mais uma daquelas febres que não vai se sustentar?

Minha resposta: Os monociclos elétricos não só são incríveis, como causarão uma revolução no transporte, na forma como as pessoas se deslocam em seu cotidiano, como vão e voltam do trabalho, como vão a escola, etc.



Produto Importado

Hoje no Brasil, temos algumas marcas que dominam o cenário, como a Airwheel, a Ninebot, e outros concorrentes menores. Sabemos que todos estes monociclos são importados, sequer são montados aqui. Não que o dispositivo seja complexo, mas nessas horas nos falta a cultura da tecnologia que sobra nos asiáticos, tanto na criação e produção quanto no consumo. A importação acaba sendo um problema no que diz respeito a preços e regulamentação do produto no mercado. Os atuais fabricantes dos monociclos asiáticos não tem vocação para a expansão, e buscam parceiros nos países com interesse no produto para que estes importem e façam todo o trabalho de popularização e vendas do aparelho. Marcas como Ninebot (através da sua importadora Nineway) e a Airwheel prestam um pós venda de qualidade, tem peças de reposição e fazem o possível para passar a imagem de empresas sólidas e de credibilidade, porém ainda existe um certo preconceito com produtos chineses, e o receio de ficar na mão em caso de algum problema com um produto tão caro. O tempo de garantia oferecido é baixo, não passa de seis meses, isso contribui para gerar desconfiança.

O item mais caro para a fabricação de um monociclo é a bateria de lítio. Estas baterias são produzidas em poucos lugares no mundo, e quem produz cobra uma fortuna por um pack. Além disso, existem diversos riscos no transporte destas baterias, quando em grande quantidade. Nem todas as companhias aéreas aceitam transportá-las, e quando aceitam, a burocracia cresce e complica o já difícil caminho do importador. Sendo cara, uma bateria de litio de excelente qualidade (sony, samsung, panasonic) chega ao país com mais uma carga de tributos, o que dificulta a iniciativa de qualquer um que queira desenvolver o produto no Brasil.


Limitações

Por mais que eu considere o monociclo elétrico algo revolucionário, ele ainda possui alguns entraves para se popularizar como meio de transporte individual. Um deles é o peso, que varia de 10 a 15 quilos. Apesar de ser relativamente fácil de transportar, 10kg ainda é um peso muito grande para uma pessoa normal carregar de uma forma confortável (dentro do ônibus, metrô, estabelecimentos, etc), mesmo em uma mochila nas costas. Se este peso cair uns 3 ou 4 quilos, mantendo a mesma potência e autonomia, então as coisas podem começar a melhorar. Muitos monociclos vem com uma haste retrátil para tentar amenizar a situação, permitindo que o usuário puxe-o, em vez de carregá-lo, o que já ajuda bastante. Hoje fui a uma loja física que tinha um monociclo da Two Dogs à venda. Segurei-o com uma das mãos para carrega-lo e caminhar com ele dentro da loja e me assustei com o seu peso. 14kg definitivamente não é um peso que se possa carregar com tranquilidade dentro de um ônibus ou de um metrô.

A autonomia também pode ser considerada uma limitação atualmente, visto que a maioria dos monociclos permite rodar em torno de 8 a 10km de distância. O que vemos em suas propagandas (18 a 23km com uma carga, para uma bateria de 132wh) não pode ser considerado a realidade. Você pode até conseguir percorrer 18km, mas precisaria de um local plano com uma estrada perfeita e ser uma pessoa muito leve, 3 características que nem sempre se encontram. Existem monociclos que oferecem um pack de baterias maior, com mais autonomia, mas o preço do apareho vai às alturas (de 5 a 6 mil reais), valor com o qual você compra uma boa motocicleta.

O monociclo, em termos de trânsito, é tratado como uma bicicleta, ou seja, deve ser utilizado em ciclovias e na rua, próximo à calçada. Oficialmente uma bicicleta não pode trafegar em calçadas, então em teoria isso se aplica aos monociclos também, mas dificilmente você será advertido por isso. De qualquer forma, percebemos que nosso trânsito não foi feito para os monociclos. Andar com eles na rua é arriscado, e sendo a calçada lugar de pedestres, sobram apenas as ciclovias, coisa que raras cidades possuem no Brasil (e no mundo). Para popularizar um meio de transporte como este, seria necessário investimentos nesse sentido.

Resistência à água e à poeira

Outro ponto importante para um futuro com o monociclo como meio de transporte consolidado é a resistência a água e à poeira. Se você quer ir trabalhar com seu monociclo, vai querer utilizá-lo faça sol ou faça chuva. Muitas marcas vendem seus monociclos com a certificação IPXX, onde o primeiro x representa o nível de resistência à poeira, e o segundo refere-se a resistência à água. Praticamente todos os fabricantes prometem certo nível de resistência, porém  nenhum garante 100% de resistência. Ou seja, existem certas situações em que você nao poderá contar com o seu monociclo, como num dia de chuva intensa. Para que o monociclo se consolide como um meio de transporte viável, ele precisa ser 100% resistente à água e à poeira. Só assim será possível competir com outros meios de transporte alternativo, como a bicicleta e a motocicleta.

Conclusão

Existe muito a evoluir, mas acredito que o monociclo vai superar todas suas barreiras limitadoras, e vai se tornar um transporte alternativo confiável e muito prático. É esperar para ver.