segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Em busca do equilibrio...

No início, quando estamos aprendendo a andar de monociclo, a experiência pode ser terrível, ao ponto de você pensar que jamais conseguirá se equilibrar sobre ele. Essa experiência muitas vezes desencoraja as pessoas de adquirir um monociclo. No meu caso, devido ao grau de dificuldade que senti em minha primeira experiência com um modelo da IPS, acabei optando por comprar o Airwheel Q3 (com a roda dupla) pois pensei que seria mais fácil aprender a andar com ele. Não que exista um "certo" ou um "errado" em adquirir um ou outro modelo (cada um tem sua preferência), a questão é o motivo que me levou a comprar o Q3: o medo de não conseguir andar com um monociclo de roda simples.

O corpo humano é algo realmente incrível. Com ele, conseguimos fazer coisas que as vezes sequer temos explicação. No início da curva de aprendizado, em qualquer situação (aprender uma língua estrangeira, andar de bicicleta, desenhar, escrever, dirigir, jogar futebol, etc.) tudo parece muito difícil, quase impossível de se aprender. Mas aí entra em ação o corpo humano e suas peculiaridades: ele, de uma forma incrível, assimila os movimentos necessários para o aprendizado de uma determinada função e passa a executá-los automaticamente, sem que precisemos "pensar" o momento de executá-los. 

Da mesma forma ocorre ao andar de monociclo. No início precisamos de toda a atenção e foco do mundo para nos mantermos sobre ele, mesmo que seja totalmente parados e com o auxílio de uma parede para nos encostarmos. Andar um pouco com ele é quase impossível. É incrivelmente difícil cumprir esta tarefa. Porém depois de alguma prática e uma boa noite de sono, o que acontece? Como num passe de mágica, no outro dia a tarefa já se tornou muito mais fácil, você sobe no monociclo com uma facilidade muito maior e até se arrisca com mais tranquilidade a andar por alguns metros. O corpo humano assimila tudo o que é preciso para executar esta tarefa, dia após dia.

No início era quase impossível andar no monociclo. Hoje em dia eu sou multi-tarefa sobre rodas...


Então, depois de certo tempo de prática e aprendizado, lá vou eu, andando de monociclo sem fazer força alguma para me equilibrar, subindo e descendo cordões de calçadas, passando sobre mudanças de relevo sem qualquer receio, olhando os emails do trabalho no celular, comendo um lanche ou fazendo qualquer outra coisa.. Mas como é possível se lá no início toda a minha concentração se destinava ao simples objetivo de ficar parado em pé sobre ele? Acho que se deve a tal curva de aprendizado, a como nosso corpo absorve e automatiza certas exigências para cumprir uma determinada tarefa. Uma vez alguém me perguntou em qual lado do volante de um automóvel fica a alavanca do limpador de para-brisa, e em qual lado fica a alavanca da seta. Por incrível que pareça eu não me lembrei, não sabia em qual lado ficava cada alavanca, mas todos os dias eu as utilizava, sem problemas, pois meu corpo e minha mente já tinham automatizado essa necessidade, sem que eu precisasse me lembrar conscientemente dos passos para executá-la.

Incrível, não?

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Qual o público alvo de um monociclo elétrico?

Hoje em dia temos diversos meios de transporte a nossa disposição. Automóveis, ônibus, trens, motocicletas, bicicleta, skate, patinete... tem para todos os gostos. O monociclo elétrico é mais uma opção de transporte para aqueles que superam o medo e aquela impressão de "coisa de outro mundo" que o monociclo transmite. Mas fica a dúvida, onde o monociclo se encaixa no nosso dia a dia? Para que situação ele melhor se adapta? Ele pode substituir algum dos meios de transportes tradicionais citados acima? Qual o público alvo de um monociclo elétrico?

Os monociclos elétricos normalmente vem com as rodinhas auxiliares, o que ajuda (e muito) no aprendizado.



Muitos tem a visão de que o monociclo elétrico é muito mais um brinquedo do que um meio de transporte funcional. É uma visão distorcida e equivocada. O "hoverboard" elétrico (também chamado de "smart balance", entre outros nomes..) é de fato um brinquedo, foi concebido para tal. O monociclo elétrico foi criado para ser uma alternativa de transporte nos grandes centros para pequenos percursos.

Hoverboard, este sim é, de fato, um brinquedo

Sendo o monociclo elétrico um meio de transporte para pequenos trajetos (ou nem tão pequenos assim, tem vezes que faço 10km sem paradas com o meu ), podemos começar a definir seu público alvo por aqueles que fazem este tipo de trajeto diariamente:

- Pedestres em geral: os pedestres de hoje são certamente os mais propensos a tornarem-se os monociclistas de amanhã. São inúmeras as pessoas que precisam cumprir trajetos de 500 metros, 1 quilômetro, até 2 quilômetros a pé hoje em dia, seja ao descer do ônibus em direção ao trabalho/casa, seja para ir ao mercado mais próximo, ou mesmo para ir trabalhar diretamente de casa ou voltar do trabalho. O monociclo elétrico tem autonomia mais que suficiente para superar este tipo de percurso, além de oferecer portabilidade suficiente para que você leve ele com você para onde você for, seja dentro de um ônibus, loja, supermercado, etc. 

- Ciclistas: A bicicleta é muito barata e útil, especialmente para quem a utiliza como meio de transporte, porém tem como ponto negativo o esforço necessário para pedalar. Subir uma ladeira não é nada convidativo, e mesmo em percursos planos pedalar por muito tempo em dias quentes pode ser um grande problema. Eu, antes de adquirir o monociclo, tentei adaptar a bicicleta em minha rotina, porém sem sucesso. Houveram dias em que eu cheguei ao destino transpirando litros, o que me fez perceber que meu meio de transporte até o trabalho teria que ser outro. Claro que hoje em dia existem as bicicletas elétricas, mas estas, além de em geral serem mais caras que o monociclo, perdem na questão da portabilidade. Enfim, considero os ciclistas de hoje bons candidatos a monociclistas.

- Passageiros de ônibus urbano/municipal: Aqui posso dizer que, assim como no caso da bicicleta, sou a prova viva de que um passageiro de ônibus de hoje pode ser tranquilamente um candidato a monociclista. Se em alguns casos o monociclo pode não substituir complemente o ônibus, ao menos pode servir para substituir parcialmente, ou para auxiliar do deslocamento pré/pós-embarque. Para ir e voltar do meu trabalho, uma das alternativas que tentei foi pegar o ônibus. Porém fiquei muito incomodado com os horários limitados e com o deslocamento a pé que eu tinha que fazer até chegar ao ponto de embarque. Como o meu trajeto de casa até o trabalho é de 3km, pude tranquilamente substituir o ônibus pelo monociclo. Acredito que muitos poderiam seguir o mesmo caminho.

- Usuários de Táxi/Uber: Salvo em situações onde você precisa levar consigo muita bagagem, aqui também considero que o monociclo pode ser bastante útil, tanto para substituir completamente, ou mesmo parcialmente o Táxi/Uber. Não foram poucas vezes em que peguei um táxi e levei comigo o meu monociclo, cumprindo metade do trajeto com o táxi e a outra metade com o monociclo. Isso me trouxe bastante economia.

- Skatistas: Logo quando eu conheci o monociclo, pensei que os skatistas poderiam ser aqueles que primeiro iriam de encontro ao monociclo, porém não foi isso que aconteceu. Apesar disso, considerando que muitos skatistas utilizam seu skate para pequenos deslocamentos, acho que eles seriam um bom público alvo, ainda mais por já terem certa noção de equilibrio.

- Motoristas: Obviamente não se pode substituir completamente um automóvel por um monociclo em nosso dia a dia, porém é perfeitamente possível deixar o carro na garagem e ir até o mercado de monociclo para comprar 1 litro de leite, não? Ou que tal aquela situação em que você tem que deixar o carro estacionado em um local muito distante do seu destino, porque simplesmente não há vagas de estacionamento nas proximidades? Que tal ter o monociclo no porta-malas do carro nessas horas? Situações como estas ocorrem aos montes, e o monociclo certamente seria muito bem vindo. Sempre que saio com o carro da minha esposa (apesar de ser nosso, quem usa é ela, por isso digo que é dela), levo meu monociclo junto, pois sei que ele poderá acabar sendo útil.

- Amantes de tecnologia: Acredito que este seja hoje o público que mais adquire monociclos elétricos atualmente. Fãs de tecnologia adoram novidades, se dedicam e se adaptam facilmente a elas. Aquele que compra o smartphone de última geração e aquele óculos de realidade virtual bacana certamente olha o monociclo elétrico com bons olhos e ao menos pensa em adquiri-lo.

- Crianças e adolescentes: apesar de o monociclo não ser um brinquedo, ele obviamente desperta a atenção de crianças e adolescentes, especialmente por ser algo diferente, que chama muito a atenção. Acredito que, para que o monociclo elétrico se torne um meio de transporte realmente difundido, ele deve ser introduzido em nossas vidas desde a infância, da mesma forma que ocorre hoje com a bicicleta. Ou seja, crianças e adolescentes são um público alvo quase obrigatório do ponto de vista estratégico a longo prazo.

O único público alvo inatingível pelo monociclo (ao meu ver) são os motoqueiros. Além de serem super práticas, baratas (em comparação a um automóvel) e econômicas, as motocicletas ocupam pouco espaço, você se desloca facilmente com uma para qualquer lugar. Não que um motoqueiro não possa comprar um monociclo, mas a chance de isso acontecer realmente é menor, pois a utilidade do monociclo é menor (quase zero) neste caso.

Enfim, como eu já citei em outros posts, o monociclo elétrico tem poucos (porém fieis) usuários. Este número certamente tende a aumentar. Aos poucos as pessoas perceberão que de fato é possível utilizar o monociclo para substituir ou complementar o seu atual meio de transporte.

E você, adotaria o monociclo em sua rotina diária?

Abraço!