Meu Airwheel Q3 com seu pack de baterias de 132Wh
O monociclo elétrico ainda é encarado como um mero brinquedo pela maioria, porém alguns de nós (poucos, porém convictos) já adotaram o monociclo como um meio de transporte prático e eficiente para curtas distâncias. Considero adequado o uso diário do monociclo para distâncias entre 500 metros e 4 quilômetros (uso contínuo, sem paradas). Por quê deste range? Simples: menos de 500 metros eu ando a pé, mais de 4km é cansativo, os pés ficam doloridos e o corpo sente o cansaço de ficar tanto tempo em pé na mesma posição.
E a autonomia nessa história, onde fica? Por mais que usemos o monociclo em trajetos contínuos de no máximo 4km (em tese qualquer monociclo, por menos autonomia que tenha, consegue percorrer 4km), pode ser que durante o dia você tenha que se deslocar 3 ou 4 vezes por um um trajeto de 3 ou 4km, sem ter tempo de fazer a recarga na pausa entre estes deslocamentos. Dentro deste quadro, não é qualquer monociclo que vai suprir esta necessidade.
A autonomia de um monociclo está diretamente ligada a capacidade da bateria (ao contrário de um celular que dependendo do tipo e qualidade de alguns componentes, consegue uma autonomia maior na comparação com outros aparelhos, mesmo com uma bateria inferior). Abaixo temos uma lista com os packs de bateria que normalmente equipam os monociclos vendidos, com exemplos de monociclos que as utilizam.
132Wh (Airwheel X3)
170Wh (Airwheel X8)
220Wh (Ninebot One C+, Super Wheel Two Dogs)
320Wh (Ninebot One E+)
340Wh (Airwheel Q3, este possui versões com packs de baterias menores também)
Pack de 132wh do meu Airwheel Q3.
Autonomia prometida pelo fabricante X realidade.
Se olharmos as especificações técnicas de um determinado monociclo (ex: Airwheel X8), veremos que, na teoria, o fabricante promete autonomia entre 17 e 23km. E na realidade?
O fabricante "calcula" a autonomia de seu aparelho nas seguintes condições: nada de vento, nada de rugosidade no terreno, nada de subidas, nada de descidas, usuário com peso de no máximo 65kg... enfim, convenhamos, jamais encontraremos estas condições em nosso dia a dia.
Portanto, ao comprar um monociclo, lembre-se que a autonomia prometida pelo fabricante, na prática com certeza não será entregue a você. Com a experiência que tenho com meu Airwheel Q3 (132wh) e agora com o Airwheel X8 (170wh), e considerando o uso destes no meu dia a dia, enfrentando todo o tipo de situação nos percursos e o meu peso corporal (70kg), posso garantir que:
- pack de baterias de 132wh: você pode contar com 6km de autonomia.
- pack de baterias de 170wh: você pode contar com 8km de autonomia.
- pack de baterias de 340wh: você pode contar com 16km de autonomia.
- pack de baterias de 680wh: você pode contar com 32km de autonomia.
EDITADO: um outro detalhe que influencia sensivelmente tanto no rendimento quanto na vida útil da bateria de lítio/íon: a temperatura ambiente. Este tipo de bateria precisa de uma temperatura ambiente acima de 15 graus célsius para que as reações químicas ocorram da melhor forma possível, gerando toda a energia possível de ser gerada. Em temperaturas muito baixas, o rendimento da bateria tende a diminuir. Como moro aqui no Rio Grande do Sul, onde o inverno é rigoroso, pude sentir essa baixa no rendimento na prática.
Em temperaturas muito altas, acima dos 40 graus célsius, o problema recai sobre a vida útil da bateria, que não se dá muito bem com temperaturas altas. Seus componentes se deterioram mais rapidamente e a vida útil tende a diminuir.
Lembrando que, ao contrário das fabricantes, essa avaliação que faço é pessimista, ou seja, a autonomia pode aumentar se você for mais leve que eu, se o seu trajeto diário for mais plano do do que o trajeto que eu enfrento, se você não enfrentar vento e terreno rugoso/acidentado.
Autonomia x vida útil da bateria
Considerando que as baterias que equipam os monociclos são as de lítio/íon (são as melhores para este fim atualmente), você deve considerar que a vida útil de uma bateria deste tipo é de 300 a 500 ciclos (1 ciclo = 1 recarga completa). Não caia na conversa de algumas marcas de baterias duram 1000 ciclos, ou 1800 ciclos como já ouvi dizer por ai, isso é mentira argumento de marketing.
Após 500 ciclos (na melhor das hipóteses), a bateria começa a degradar-se lentamente. Considere que, ao final de 1000 ciclos, sua bateria terá em torno da metade da capacidade que tinha originalmente. Mesmo que você deixe seu monociclo encostado por 2 anos, o monociclo terá sua autonomia reduzida. Estudos mostram que a bateria de lítio/íon tem uma taxa de perda de capacidade de 10% ao ano, quando guardada, sem uso.
Se você utilizar o monociclo diariamente, de segunda a sexta, considerando que temos em torno de 255 dias úteis no ano, a bateria chegará ao final de 2 anos com 80% da capacidade original (lembre-se que existem os 10% ao ano de degradação natural da bateria, mesmo sem utilizá-la). A partir do 3 ano você terá uma redução maior da autonomia do seu monociclo.
Dica importante para aumentar a vida útil da bateria do seu monociclo (isso serve para smartphones também):
- Faça a recarga antes de a bateria chegar ao fim, de preferência antes de chegar aos 40% de carga restante. Considerando que 1 ciclo = 1 recarga completa, se você carregar a bateria quando ela estiver nos 50% de carga, você terá gasto apenas meio ciclo. Além disso, estudos mostram que a vida útil da bateria (número de ciclos antes da degradação) aumenta sensivelmente se você fizer a recarga antes de a bateria chegar ao fim.
Espero ter ajudado.
Abraços.